Posted by : Alison Nerv
9 de jun. de 2012
Kimba, o Leão Branco, foi o primeiro mangá de Tezuka serializado em uma revista de veiculação mensal, e que não era um único título com início, meio e fim, e, sim uma série em vários capítulos. Essa prática, tão conhecida e usada atualmente, foi uma grande inovação nos idos de 1950, mas também foi bastante criticada pelos fãs mais radicais, que julgaram a iniciativa de Tezuka muito mal, e passaram a enxergá-lo como um vendido, que estaria se prostituindo com o seu trabalho, fugindo do esquema originalmente proposto durante a fase que foi marcada pela famosa trilogia de ficção científica: Lost World, Next World e Metropolis, mas as críticas não evitaram que o mangá se tornasse um tremendo sucesso. A decisão de dividi-lo em capítulos abriu as portas para inúmeras possibilidades narrativas jamais imaginadas.
Kimba é um Tezuka em sua melhor forma – a história que estabeleceu os parâmetros sob os quais seriam construídos alguns dos maiores clássicos do autor, tais como Buda e Hi no Tori (Fênix). No entanto, a série é um produto de seu tempo e hoje em dia é atacada pelo uso estereotipado da cultura nativa da África. É claro que não se pode esquecer que a grande influencia de Tezuka foi Walt Disney, e que, nos curtas animados da época, era muito comum o uso da black face (uma prática originada nos teatros, onde os negros eram retratados com feições simiescas). Além disso, boa parte dos conhecimentos de Tezuka sobre o continente africano provinha dos filmes de Hollywood, que também usavam e abusavam dos mesmos estereótipos. Mas isso nunca impediu que continuassem a ser comercializados. Tarzan, de Edgar Rice Burroughs, apesar de ser um dos melhores romances de aventura do inicio do século 20, também foi responsável pela propagação dessa visão politicamente incorreta dos povos africanos, e teve grande influência sobre Tezuka. Muitas situações presentes em Kimba lembram os livros do homem-macaco. Outros autores de quadrinhos que hoje sofrem por motivos similares são Hergé (As Aventuras de Tintim) e Carl Barks (criador do Tio Patinhas e de vários personagens que se tornaram imortais nos quadrinhos Disney). É claro que, acima de tudo, Tezuka era um humanista convicto e criticava os preconceitos que abalavam a sociedade de seu tempo. Se hoje estivesse vivo, certamente redesenharia de bom grado cada um dos quadros que pudessem ser considerados ofensivos aos padrões político-sociais da atualidade, a exemplo de Shotaro Ishinomori, que, em 1980, reformulou o visual de Pyunma, o personagem africano de Cyborg 009 (que também se valia da black face), para o filme “A Lenda da Supergaláxia” e que mais tarde seria reaproveitado na série de 2001 exibida no Brasil.
Kimba: o Leão Branco é uma obra acima de todas essas críticas e merece o status de clássico. Cada pessoa que o conhecer um dia, estará fazendo um favor a si mesmo, desfrutando de uma leitura bastante agradável. E lembre-se que não se trata de um mangá sobre animais fofinhos e suas aventuras na floresta: é sobre o eterno ciclo da vida, uma tragédia que, no fim, deixa acesa uma minúscula fagulha de esperança na mente de seus leitores. Um verdadeiro culto ao direito de coexistência entre as diferentes espécies de nosso mundo, seja humano ou animal.
O Imperador das Selvas: Avante, Kimba!
Para melhor assimilação dos leitores, vamos usar o nome Kimba para o personagem central em lugar de Leo, como é conhecido no Japão: Ao pé dos Montes Ruwenzori, na fronteira entre Congo e Uganda, vive Panja, o rei dos leões brancos, que governa todo o continente e protege os animais mais fracos dos ataques predatórios dos homens. Mas depois que é brutalmente assassinado por caçadores, sua consorte Eliza é capturada e levada em um cargueiro para ser entregue a um zoológico da Inglaterra. Em pleno oceano, ela dá a luz a um pequeno filhote macho, o príncipe Kimba. Eliza diz a Kimba que ele deve voltar para a África e assumir o trono que pertenceu ao seu pai. O filhote consegue escapar da jaula e se joga ao mar, a tempo de escapar de uma violenta tempestade, que acaba por afundar o navio e arrastar sua mãe para as profundezas. Kimba é levado pela correnteza até a costa da Península Arábica, onde é resgatado por um garoto chamado Kenichi, que decide adotá-lo. Depois de um ano, começam os rumores de que, nas míticas Montanhas da Lua – nos picos mais altos que se erguem entre o Ruwenzori – existia um minério conhecido como "a pedra da lua", capaz de irradiar uma poderosa fonte de energia. Dr. Plus e o Professor Minus organizam uma expedição para investigar a lendária pedra. Com a equipe, estão Kenichi e Kimba. Quando Kimba chega pela primeira vez à selva, é um leão tímido e manso, já que fora criado entre os homens. Por isso, ele se recusa a fazer parte de um mundo onde matar é a regra diária da sobrevivência. Mas com o passar do tempo, ele recupera a confiança e finalmente decide que deve reivindicar o trono do pai como o rei das selvas, a fim de que possa melhor proteger os amigos animais dos opressores humanos.
Kimba, agora um leão já crescido, encontra uma pretendente chamada Lyre, vinda das partes baixas do rio Donga. Mas logo é atacado por uma tribo que se autodenomina Jungla, liderados pela Rainha Conga, uma mulher de sangue frio que o captura. Ele é então levado ao vilarejo de Jungla. Conga tenta subjugar Kimba e tomar a savana africana para si própria, mas o jovem leão consegue escapar. Enquanto tenta fugir para as distantes Montanhas da Lua, cobertas por uma enorme nevasca, ele enxerga um mamute descendo daquelas alturas. Trata-se da Grande Mãe Bzzz. Ele e a paquiderme se tornam amigos bastante chegados. Mas durante a ausência de Kimba, o leão caolho Bubu havia seqüestrado Lyre com a intenção de forçá-la a se casar com ele. Assim que descobre esse fato, Kimba mata Bubu, mas ainda assim não consegue encontrar a amada.
Ele descobre o caminho para uma vila de pigmeus, onde vislumbra uma grande quantidade de peles de leões brancos, convencendo-se de que Lyre estaria escondido em algum lugar daquele vilarejo. Ainda na vila pigmeu, Kimba descobre a existência de uma leoa branca chamada Lyona, adorada pelos pigmeus. Lyona tenta convencer Kimba a se casar-se com ela e permanecer na vila, dando continuidade à casta de sangue puro dos leões brancos, considerados sagrados pelos antigos egípcios. Mas Lyre aparece repentinamente e Kimba desiste da idéia de desposar Lyona.
Kimba retorna para a savana junto de Lyre, mas descobre que o povo de Jungla está planejando um novo ataque. Kimba se apronta para a batalha, mas a situação é desfavorável ao jovem monarca. Nesse momento exato, a Grande Mãe Bzzz surge para salvar Kimba e ajudar no combate contra a tribo Jungla. A paz finalmente volta a reinar na selva, e Kimba e Lyre se unem em matrimônio. Alguns meses depois, nascem os gêmeos Lune e Lukio, filhos de Kimba e Lyre, porém Lune, fascinado pela civilização dos humanos, abandona a vida na selva para se aventurar mundo afora.
Pouco depois de Lune partir para o mundo dos humanos, um enorme castelo é erguido no meio da selva. Trata-se uma espécie de cidadela destinada à proteção dos animais contra as incursões humanas, idealizado pelo país A, do qual faz parte o tio de Kenichi, Higeoyaji (Sr. Bigode, um dos personagens recorrentes no star system de Tezuka), um homem dotado de grande senso de justiça e defensor dos direitos dos animais. No entanto, o elefante Pagura e seus companheiros não confiam nos homens e se opõem fortemente à construção do castelo.
Um grande exército de elefantes ataca Kimba e seus seguidores, mas quando Pagura e Kimba estão prestes a se defrontar em duelo, uma terrível epidemia se espalha por toda a selva e provoca grande mortandade entre os animais afetados pela doença. Dentre as vítimas está a rainha Lyre, cuja morte acarreta muito sofrimento a Kimba. Quando a epidemia começa a se alastrar pela selva, uma brigada de sobrevivência do país A aparece para socorrê-los.
Além da Savana...
De toda a vasta galeria de personagens criados por Osamu Tezuka, apenas alguns deles tornaram-se ícones populares reconhecidos mundialmente. Em parte, isso se deve ao fato do Japão ter sido um país culturalmente fechado ao ocidente até meados da década de 60. Tezuka se esforçava para que seus mangás pudessem assimilados universalmente com facilidade, evitando que se tornassem um reflexo da sociedade japonesa, com referências muito regionais e demonstrações que só pudessem ser compreendidas dentro do imaginário popular japonês. Talvez por isso Astro Boy seja hoje um dos personagens mais reconhecidos no mundo.
Mas Kimba também ocupa um lugar louvável: a sua série animada foi levada aos Estados Unidos por Fred Ladd, o mesmo responsável pela adaptação de Tetsuwan Atom para Astro Boy, e gozou de grande sucesso. O fato da série ter sido produzida a cores abriu as portas para que houvesse interesse em suas reprises, incluindo a versão canadense que até pouco tempo era exibida no Brasil pelo canal Boomerang. No entanto, a série de televisão foi uma co-produção entre a Mushi Productions e a NBC americana, cujas demandas queriam fazer da série uma versão felina de Astro Boy, onde o protagonista jamais cresceria.
A solução tomada no Japão foi a criação de uma segunda temporada, levemente baseada na segunda metade do mangá, continuando a história de Kimba, agora já adulto e casado com Lyre, mas o foco da maioria dos episódios eram os seus filhotes: Lune e Lukio.
A segunda série também chegou a ser exibida tanto nos EUA quanto no Brasil, mas nem de longe alcançou a mesma popularidade de seu antecessor. Apesar dos textos estarem muito mais próximos do original japonês, a dublagem beirava o amadorismo, sendo que os nomes da maioria dos personagens havia sido trocada na adaptação de Fred Ladd, e isso fez com que muita gente pensasse que essa segunda temporada fosse a história do pai de Kimba e não a continuação das aventuras do filhote crescido.
Insatisfeito com as versões animadas de Kimba: O Leão Branco até então, Tezuka supervisiona a produção de uma nova série em 1989, mas falece pouco tempo depois, com apenas seis episódios concluídos. O diretor encarregado de levar o projeto adiante é o desconhecido Takashi Ui, que precedeu o trabalho de veteranos como Osamu Dezaki e Rintaro na revitalização moderna das obras de Osamu Tezuka.
Em 1997, no embalo do sucesso de O Rei Leão, um longa metragem foi lançado nos cinemas do Japão, cobrindo o arco final do mangá com fidelidade, suprimindo a falta de uma conclusão para a versão de Takashi Ui. (Por Felipe Onodera)
Crédito aos www.interney.net/blogs/maximumcosmo
Veja Tambem:
Rei Leão e verdade a história de plágio entre Simba e kimba
Veja Tambem:
Rei Leão e verdade a história de plágio entre Simba e kimba
eu sou fã desse desenho kimba o leão branco e eu só tenho 12 anos quando eu crescer vou trabalhar de cartunista e fazer que esse desenho volte nas telas das televisões de todo o mundo!principalmente o japão porque foi lá onde ele foi criado
ResponderExcluir